Relato de uma manhã agitada...

Horário de pico, ponta da linha azul do Metrô na região norte de São Paulo, a estação Tucuruvi fica simplesmente lotada nos dois lados da plataforma pelos usuários da região e também de Guarulhos, município vizinho.

Resolvi entrar no trem que vinha, mesmo visualizando aquele monte de gente... Já estava meio estressada pois, apesar de ficar certinha na "fila" que se formava atrás da faixa indicatória de onde a porta do trem iria parar, sempre tem um espertinho que chega depois, pára ao lado e quer entrar na frente. Consegui entrar e fiquei encostada em um lugar que não atrapalharia a entrada e passagem das pessoas.

Os vagões já saem cheios dali e vão lotando mais e mais em cada estação em que param, todo dia nesse horário é assim... O ápice desse efeito "lata de sardinha" hoje foi na Luz, parecia que abriu a porteira para a boiada passar pois eles levaram tudo e todos que estavam próximos... Fui empurrada e prensada porém consegui permanecer onde estava graças aos meus 1,82m de altura e minha cara de insana, além de uma técnica "ninja" que aprendi com meu namorado japa onde uso as "minhas energias" para me dar apoio. O stress começou quando um rapaz resolveu ignorar minha presença e, tentando se apoiar onde eu estava, deu uma cotovelada no meu ombro. Levei um choque de dor e a primeira reação que tive foi a de tirar o braço do rapaz.

- Nem encostei em você... - ele berrou.

- Quem bate não sente a dor que causa!

- Ah mas se eu quisesse conforto aqui, eu pegaria um taxi, iria de carro...

- Não estou falando de conforto... Você me machucou!

- Então eu posso me apoiar em você... - ainda com tom de sarcasmo, se encostou em mim.

- Pode, mas você não entendeu, você me machucou por isso eu tirei seu braço.

- Me desculpe! Desculpa tá... - com aquele jeito de quem não quer dar o braço a torcer, ele ficou torcendo o nariz, depois fez como quem estava com calor e saiu dali de perto... A essa altura, o mais engraçado era que ninguém mais se encostava em mim... Ri internamente, fiz cara de paisagem e quando chegou na Sé, saí rapidamente dali. Mico! Mico logo cedo...

Na baldeação para a Barra Funda, quando cheguei à plataforma, o trem estava lá e tinha um bom espaço para entrar no vagão, o azar foi que eu não ouvi o a campainha avisando que as portas estavam fechando e fiquei prensada. Primeiro meu corpo, depois minha mochila! Alguns caras me ajudaram me puxando e depois puxando a mochila... Mais uma vez todo mundo olhando para mim! Um cara ainda berrou:

- Ahhh, tá brincando!!!

- Desculpem, é que eu não ouvi a campainha senão nem teria entrado! - cara do Gato de Botas do Shrek. Fiquei com a marca da borracha negra da porta no meu braço, o local ficou ralado de tão forte que foi o impacto do fechamento das portas em mim. Tentei esquecer que todos me olhavam para não ficar vermelha e descer na próxima estação para me atirar nos trilhos de tanta vergonha. Mega mico!!! Mico não, foi o próprio king-kong!

Chegando ao prédio onde trabalho, a porta do elevador abriu...

- AHHHHHHHHH... - gritamos juntos.

- Me desculpe! - falei alto.

- Só queria olhar... - respondeu o rapaz. A infeliz aqui quase atropelou o infeliz que colocou parte do corpo para fora do elevador para olhar o térreo... Nem olhei para a cara dele! Melhor nem lembrar, na próxima vez em que nos toparmos, que eu quase o atropelei... Ele desceu no 4° andar e eu finalmente cheguei, inteira, mas com 3 micos nas costas e um vergão no braço esquerdo...